terça-feira, 13 de junho de 2017

[ENTREVISTA 17] L. MATHEUS

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“Então, me diga, se hoje fosse seu último dia; Você se despediria dele sem arrependimentos ou lutaria por uma nova chance?”
L. Matheus

Acompanhe essa entrevista ao som de um dos músicos preferidos do autor:


Olá, pessoal. Tudo certo por aí? Espero que sim, pois hoje é dia de entrevista no Book of Livros. E o escritor da vez é o L. Matheus, autor do livro No Domínio do Mal.

Resultado de imagem para NO DOMINIO DO MAL L. MATHEUS

Confira a sinopse do livro no site da Editora Pendragon:

1. Quem é L. Matheus?

Nasci em 1995, em Fortaleza, no Ceará, onde vivo com minha mãe e meu irmão caçula. Escrevo desde os meus 14 anos de idade. Publico meus contos no Wattpad. Sou autor do light novel “Zona Morta - Shopping” e dos romances “Amnésia - Os Sentinelas Vermelhos” e “No Domínio do Mal”.

2. Quando percebeu que a escrita fazia parte da sua vida?

Desde muito jovem já lia muitos livros e assistia muitos filmes. Brincava com meus brinquedos criando historias, fazia com que eles participassem de espécies de filmes imaginários. Fiz um curso de cinema e fui inserido nessa área por um tempo, mas foi apenas quando completei meus 14 anos que tive uma ideia e decidi escrever sobre. O resultado não ficou muito bom, mas acabei me apaixonando pela prática de escrever. Me profissionalizei no ramo aos 18 anos quando publiquei minha primeira história, um light novel chamado Zona Morta - Shopping.

3. Qual o primeiro livro que se lembra de ter lido?

O Rei Leão. Uma versão ilustrada com cerca de 150 páginas que contava em detalhes a história clássica da Disney. Adorava esse livro e o lia quase todos os dias.

4. Como era a primeira história que você criou?

Tinha 14 anos quando ela veio à minha cabeça. Conta a história de cinco jovens estudantes que não se gostam, mas acabam sendo inseridos em um mundo de completa fantasia após terem contato com um meteoro que cai ao lado da escola onde estudam quando estão de castigo. Tem muitas inspirações envolvidas, mas as mais fortes são The Breakfast Club (O Clube dos Cinco) e Power Rangers, já que sou fã de carteirinha das duas histórias, especialmente de Power Rangers, inclusive tenho muita vontade de me tornar um mesmo sabendo que isso nunca irá acontecer.

5. Quais são suas inspirações?

Minha inspiração para continuar vem de todas as pessoas que um dia já olharam dentro dos meus olhos e disseram que eu não iria conseguir.

6. Metas para o futuro?

Lançarei na Bienal do Rio de Janeiro com a Editora PenDragon o livro Contos Trágicos, que escrevi em parceira com dois amigos e traz treze contos de tragédias cotidianas. Além disso, um novo projeto também, provavelmente, será lançado na Bienal do Rio, mas esse, por enquanto ficará em anonimato, pois ainda não há nada acertado. No atual momento, planejo começar a escrever minha primeira trilogia, não posso comentar sobre nomes, mas posso dizer que será um suspense slasher.

7. Como você enxerga o quadro atual da literatura no Brasil?

Complicado, pois ultimamente as editoras famosas só se importam em publicar livros de youtubers apenas por conta da fama deles. Não quero desmerecer o trabalho de ninguém, mas acredito que existem escritores muito bons pelo Brasil que merecem a mesma atenção e a mesma oportunidade que esses youtubers, mesmo que não tenham a mesma fama. Por outro lado, me surpreendo muito ao ver que o interesse pelos escritores nacionais vem crescendo cada vez mais. A cada evento que vou, percebo que o número de pessoas que procuram um livro nacional cresce, mesmo que aos poucos.

8. Qual é o seu livro nacional predileto?

Onze Minutos, do Paulo Coelho.

9. O que gosta de fazer nas horas vagas?

Jogar RPG com meus amigos, assistir filmes e seriados e ler bastante.

10. O que você diria para uma pessoa que está começando agora?

Que nunca desista de seus sonhos. Se ama escrever, siga em frente. Não será um caminho fácil de percorrer, mas quando se chega do outro lado da travessia, sempre, sempre vale a pena.


Confira agora um conto escrito pelo autor:
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Baseado em Fatos Reais

                  – Eu te desafio a entrar na escola abandonada e trazer alguma coisa lá de dentro!

A voz de Jéssica Tavares soa tão nojenta que me dá náuseas.

Estamos em frente à escola abandonada. O local fica a dois quarteirões da festa onde estávamos e é enorme. Há muito tempo deixou de ser utilizado e a poeira, junto com as aranhas e o mofo tomaram de conta, transformando o lugar em um verdadeiro cenário daqueles filmes de assombração. As paredes já foram amareladas, mas agora são acinzentadas e a tinta está descascando em vários pontos. As grades são enferrujadas e a porta dupla de madeira que dá acesso ao local está quebrada e torta, formando uma pequena passagem. É por lá que pretendo entrar.

É noite e a rua é bastante escura, pois a luz do único poste ali presente está quebrada. O suor banha meu rosto e meus amigos acham que é por que estou com calor, mas na verdade estou suando frio. A ideia de ter que entrar naquele lugar sozinho me dá arrepios, mas agora não tem mais volta. Aceitei brincar de verdade ou desafio e agora vou ter que arcar com as consequências. Reflito que mais tarde poderei dar o troco.

Começo a caminhar em direção à porta de madeira velha e sinto a força de minhas pernas indo embora. Um maldito frio na barriga se instala e não paro de sentir arrepios na espinha. Respiro lentamente, mas estou apreensivo e o nervosismo me domina dos pés à cabeça. Estou apavorado, mas preciso cumprir o desafio.

Estou parado em frente à porta e tento ver ou escutar qualquer coisa que venha lá de dentro. Nada. Olho para trás, para meus amigos, e eles começam a debochar de mim, com a intenção de me encorajar. Não funciona! Continuo morrendo de medo.

Tiro meu celular do bolso e ligo a lanterna. Com certa dificuldade passo pela brecha entre a porta quebrada e a parede e entro na escola abandonada.

Me encontro no que um dia foi um hall de entrada. A tinta das paredes está se descascando assim como lá fora. Os móveis que ainda vivem estão cobertos de poeira e mofo. Há várias casas de aranha por todos os lados. O cheiro forte de tudo isso misturado faz meu nariz coçar e sinto uma vontade iminente de espirrar. O espirro não acontece. Passo a luz da lanterna em volta do lugar em busca de algo para levar para os meus “amigos da onça”. Há alguns quadros jogados pelo chão e todas as luzes do local foram quebradas. Os quadros no chão são de fotografias de personalidades históricas. Sinto um calafrio percorrendo meu corpo ao perceber que parece que estou sendo observado pelos olhos das pessoas pintadas. Desvio meu olhar e tento evitar o chão. É tudo muito silencioso e não consigo escutar um ruído sequer.

Segundos depois e avisto uma coisa muito interessante e que chama a atenção no meio de toda aquela velharia. É um martelo de modelo atual. Seu cabo é novinho e brilha por conta do verniz. A cabeça é feita de aço cromado e também brilha. Está em cima de uma escrivaninha aleijada e que parece ser mais velha que a própria escola.

Caminho até o outro lado da sala tentando não fazer barulho, como se alguma coisa fosse me pegar se fizesse. Me aproximo da escrivaninha e quando toco no martelo percebo que ele não está sujo de poeira, ao contrário, está muito bem limpo. Limpo não... há um líquido viscoso na ponta da cabeça. Sujo minhas mãos e quando coloco a lanterna para ver o que é, arregalo meus olhos e o medo dentro de mim torna-se pavor.

É sangue. Fresco.

Solto o martelo no chão e acabo fazendo muito barulho. Todo o meu corpo se estremece e sinto vontade de vomitar. Minhas mãos tremem e mal consigo segurar o celular. Desisto de cumprir o desafio e penso em sair correndo dali o mais rápido possível.

Me viro, encaro a porta de madeira quebrada do outro lado e escuto um grito feminino. Meu coração bate aceleradamente e estou apavorado demais para gritar pelos meus amigos. É como se não tivesse mais a minha voz.

Sei que é burrice ir em direção ao grito, mas por algum motivo, talvez curiosidade, começo a caminhar justamente até lá. Atravesso um corredor estreito e escuro e percebo que há uma sala com a luz acesa no fim do mesmo. Estranho o fato de lá ter luz já que todas parecem ter sido quebradas.

Estou me aproximando da sala quando escuto novamente o grito, só que agora muito mais próximo e vívido. Vem daquela sala e o mais perturbador é perceber que é um grito de uma criança.

Desligo a lanterna e me aproximo cautelosamente. Olho de soslaio e me sinto mais assustado, chocado e um misto de outras emoções quando vejo o que acontece lá dentro.

O local já foi uma sala de aula, mas agora se transformou em uma câmara de tortura. As paredes e o chão estão cobertos de sangue. A mesa que antes o professor usava para colocar suas coisas, agora está repleta de ferramentas. Alicates, martelos, facas, machados, pregos e até uma furadeira.

No centro da sala há outra mesa e em cima dela se encontra uma menina sem roupas e coberta de sangue que não deve ter nem seis anos de idade. Seus braços e pernas estão no chão e meus olhos se enchem de lágrimas só de pensar na dor que aquela pobre coitada está sentindo.

Próximo à mesa, há um homem alto, branco e bem magro. Está sem roupas e seu membro viril está ereto. Ele se aproxima da menina e passa a língua do órgão genital até os lábios dela. A beija forçadamente, lambe a própria mão e lubrifica seu membro.

Imaginar o que ele vai fazer a seguir me deixa tão desesperado que acabo ofegando alto demais. O homem olha em minha direção e seus olhos ameaçadores encontram os meus. Me assusto tão bruscamente que me empurro impulsivamente, caindo de costas contra o chão. Ele estampa uma expressão macabra em seu rosto e percebo que não vai me deixar fugir dali.

Esqueço-me de todo o aspecto assustador daquele lugar, me levanto e corro o mais rápido que minhas pernas me permitem. Corro pela minha vida. Reflito que a escola nem é tão macabra se comparado ao que acabei de ver.

Chego ao hall de entrada e acabo tropeçando no martelo que derrubei no chão. Caio bruscamente e machuco meu joelho. Arfo de dor e olho para trás, percebendo que o homem está quase me alcançando. Em um completo ato de impulsividade, consigo me levantar e continuar meu caminho até a porta de madeira quebrada.

Estou quase chegando à brecha, quando o homem me segura fortemente por trás e me suspende. Percebo que preciso lutar pela minha vida e começo a me retorcer em seus braços. Tento socá-lo, mas não consigo. Esperneio o mais freneticamente que posso e acabo dando uma cotovelada em seu nariz.

Instantaneamente ele me solta. Caio de quatro no chão, mas rapidamente me levanto e olho para ele, minhas bochechas coradas. Minha boca se abre e cuspo as palavras bastante envergonhado:

– Desculpa!

– CORTA! – O diretor Antonio grita indignado. – Que porra é essa, Bruno? Estava tudo tão lindo...

Peço desculpas mais uma vez, dessa vez para o diretor. Me sinto frustrado por ter estragado a cena mais importante. O que me deixa aliviado é que o nariz do meu colega de trabalho está no lugar. A cotovelada não foi tão forte.

A produtora se aproxima de Antônio e diz em tom irônico:

– Eu avisei que não era uma boa ideia gravar tudo de uma vez.

O diretor toca no rosto dela com as duas mãos e retruca, também em tom irônico.
– Laisa, meu bebê! O filme é baseado em fatos reais e usar essa técnica de gravação torna a coisa mais real.

– Você nem mesmo sabe se isso aconteceu de fato.

Os dois começam a discutir. Percebo que aquilo vai durar mais do que as pausas de trinta minutos. Reviro os olhos, dou uma tapinha no ombro de meu colega e me desculpo mais uma vez. Caminho até o meu camarim e antes de entrar peço que me tragam um copo de suco de goiaba sem leite. Entro no local e encontro meu celular lotado de mensagens não lidas. Devem ser da Ana. Abro um meio sorriso e fecho a porta atrás de mim, pensando tristemente que terei que gravar tudo de novo.





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AS / Administrador & Editor

Mora em Pernambuco e sonha em conhecer o mundo, mas por enquanto viaja apenas em livros e séries.

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